Vestígios de pedra, memórias de um mundo antigo
Muito antes das igrejas, muralhas ou palácios, os povos do noroeste da Península Ibérica viviam no topo dos montes — em estruturas circulares de pedra que hoje chamamos castros.
Estes povoados fortificados são marcas visíveis de uma cultura ancestral que floresceu entre os séculos VI a.C. e II d.C., muito antes da chegada de Roma.
Mais do que simples ruínas, os castros são testemunhos vivos de uma forma de estar no mundo: em ligação com o céu, a terra e os ciclos da natureza.
O que são os castros?
Os castros eram pequenas comunidades muradas, com casas circulares feitas em pedra e cobertas com colmo.
Localizavam-se geralmente em pontos altos, com boa visibilidade sobre os vales e os rios, e eram organizados em torno de espaços comuns — onde se realizavam rituais, decisões coletivas e atividades quotidianas.
A sua arquitetura revela um conhecimento apurado da paisagem, das estações e da proteção estratégica.
Hoje, estes lugares ainda impressionam pela sua localização, pelas vistas amplas e pela sensação de presença que perdura.
Uma herança que resiste
Durante a romanização, muitos castros foram transformados ou abandonados — mas outros resistiram.
Em vários pontos da Galiza e do norte de Portugal, continuam a ser visitados e estudados, tanto pela sua relevância arqueológica como pelo seu simbolismo cultural.
Ferramentas, cerâmicas, joias e inscrições votivas ajudam-nos a compreender o quotidiano destas comunidades.
Mas talvez mais importante do que os objetos seja o que se sente ao caminhar entre estas pedras:
uma memória coletiva profunda, feita de gestos antigos, silêncios densos e ligações com o invisível.
Uma experiência de viagem diferente
Este roteiro propõe uma visita a alguns dos castros mais marcantes da antiga Gallaecia — não como turista apressado, mas como viajante consciente.
Cada castro incluído neste guia é acompanhado por:
- Uma descrição histórica e simbólica
- Dicas práticas de acesso e visita
- Elementos únicos do local (panorâmicas, inscrições, lendas, atmosfera)
- Ligações com outros pontos do percurso
Subir a um castro é mais do que fazer uma caminhada.
É reencontrar um tempo mais lento e uma forma mais enraizada de habitar o mundo.
Recomendações para esta jornada
- Leva calçado adequado e água — alguns acessos podem ser íngremes
- Evita horários de maior calor e aprecia a paisagem com tempo
- Respeita o local — são sítios arqueológicos com valor simbólico
- Observa os detalhes: a forma das casas, a orientação do povoado, a relação com o rio ou monte próximo
- Se possível, lê o texto do guia no local — deixa que o lugar fale contigo diretamente