Aro Arqueológico de Lovelhe

Entre o rio e a história, um território habitado há milénios

“Alguns lugares continuam a ser escolhidos, geração após geração — como se a terra os chamasse de volta.”

Na margem do rio Minho, perto de Vila Nova de Cerveira, o Aro Arqueológico de Lovelhe revela um lugar de longa permanência humana. Localizado numa curva suave do rio, protegido e fértil, este sítio foi sucessivamente ocupado desde a Idade do Ferro até à Idade Média.

Aqui, o tempo não passou — acumulou-se.


🏺 Camadas sobrepostas

As escavações arqueológicas revelaram uma sequência de ocupações, com vestígios que se sobrepõem e entrelaçam:

  • Habitações castrejas, ligadas à cultura pré-romana do Noroeste;
  • Cerâmica indígena e romanizada, indicando continuidade e adaptação;
  • Restos de estruturas defensivas e elementos arquitectónicos;
  • Artefactos do quotidiano e sinais de uso prolongado;
  • Marcas de presença altimedieval, já no contexto cristão.

Este tipo de ocupação persistente mostra que há lugares escolhidos — não só por razões práticas, mas também por motivos simbólicos. A topografia, a luz, a fertilidade do solo e o fluxo do rio tornam este sítio especial.


🌀 Aro: o nome que guarda a forma

O próprio nome “Aro” remete para estruturas circulares fortificadas, típicas da cultura castreja.
Em Lovelhe, o território foi sucessivamente moldado: primeiro pelos povos castrejos, depois pelos romanos, e finalmente por comunidades medievais, que se instalaram sobre as ruínas anteriores — reconhecendo, talvez, a força do lugar.


🌊 À beira do Minho

O rio Minho é aqui presença constante — fluído, simbólico, fronteira e ponte.
Neste ponto, a curva do rio cria um espaço protegido mas aberto, ideal para observação e travessia. O Minho foi desde cedo eixo de circulação, troca e comunicação. Lovelhe é um dos seus pontos estratégicos — um entreposto natural.

⚓ A cultura material aqui encontrada — cerâmicas, ferramentas, vestígios de ocupação contínua — confirma o que o território sugere: uma unidade cultural anterior às fronteiras políticas.

A raia, que hoje separa Portugal e Galiza, aqui dissolve-se.
O rio une mais do que divide.


✨ No contexto de Ophiusa

No percurso simbólico proposto pelo Guia Ophiusa, o Aro de Lovelhe representa:

🧱 Sedimentação — um sítio onde o tempo se acumula em camadas, como se a terra respirasse em ritmos profundos.
Transição — ponto de passagem entre o mundo castrejo e as primeiras estruturas medievais.
🌊 Ligação ribeirinha — onde o rio não é só geografia: é memória, é voz, é eixo.

📌 Faz parte do roteiro Ophiusa — entre Ofir e Finisterra
🌐 Lê o guia completo em: thelandofserpents.com/guia-ophiusa

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