Castro castrejo-romano no Monte de Santa Luzia. Com muralhas, casas circulares e vista sobre a foz do Lima, integra a leitura simbólica do território no percurso Ophiussa.
Um castro no topo do monte que vigia o Lima
A Citânia de Santa Luzia, também conhecida como “Cidade Velha”, é um dos sítios arqueológicos mais importantes do norte de Portugal. Localiza-se no topo do Monte de Santa Luzia, a cerca de 250 metros de altitude, com vista ampla sobre a cidade de Viana do Castelo, o estuário do rio Lima e a costa atlântica.
Este povoado foi habitado desde o século IV a.C. e manteve ocupação até ao século III d.C., atravessando o período da romanização. A sua localização estratégica permitia o controlo das rotas costeiras e da navegação fluvial no Lima, num tempo em que o rio era navegável até ao interior.
As escavações, iniciadas no século XIX, revelaram uma organização urbana densa, com muralhas defensivas, torres e fossos. Foram identificadas cerca de 74 habitações de planta circular e poligonal, algumas com vestíbulos e pátios. Há também vestígios de fornos, sistemas de escoamento e espaços comuns.
Embora parte da Citânia tenha sido destruída pela construção do Santuário e da Pousada de Santa Luzia no século XX, o que resta permite ainda hoje observar a estrutura típica de um castro atlântico evoluído, com clara adaptação ao relevo e ao clima.
Um lugar de permanência
A Citânia de Santa Luzia representa a permanência de uma forma ancestral de habitar o território. A sua localização, no cume de um monte que continua a ser lugar de culto e contemplação, reforça a ideia de continuidade simbólica entre passado e presente.
É também um ponto de leitura privilegiado: daqui vê-se o rio Lima — identificado na Antiguidade como o mítico Lethes, o rio do esquecimento — e as rotas costeiras que ligam os diferentes espaços da antiga Gallaecia.
A Citânia está classificada como Monumento Nacional desde 1926. Pode ser visitada livremente, e inclui um passadiço metálico e sinalética informativa. Junto ao local funciona também um pequeno centro interpretativo.