Montanha isolada junto ao mar, com lagoa protegida e vista sobre o Atlântico. Um dos espaços mais simbólicos da costa galega, entre o visível e o oculto.
Fronteira natural entre mundos, onde o mar toca a montanha
O Monte Louro, situado a norte da vila de Muros, marca o início da costa norte da Galiza com uma presença física e simbólica difícil de ignorar. Com os seus 241 metros de altura, isolado junto ao mar, destaca-se da paisagem como um marco natural de transição — entre costa e serra, entre água e rocha, entre o mundo habitado e o mundo profundo.
Aos seus pés, a lagoa de Xalfas — também conhecida como Lagoa das Xarfas — completa esta dualidade: um espelho de água sereno, separado do mar apenas por um cordão dunar. A combinação do monte com a lagoa cria uma configuração rara e simbólica: montanha, água doce, água salgada, areia, céu.
Paisagem protegida e ecossistema frágil
O conjunto está integrado na Rede Natura 2000 e constitui uma das áreas de maior valor ecológico da costa galega. A lagoa abriga espécies aquáticas e aves migratórias, enquanto o monte conserva flora autóctone e zonas de pinhal com trilhos pouco intervencionados.
A área é acessível, mas ainda relativamente tranquila.
Trilhos bem marcados permitem subir ao cume do monte, de onde se avista toda a costa até à ria de Muros e Noia — e, em dias limpos, até ao Cabo Fisterra.
Lugar simbólico e liminar
No contexto do Guia Ophiussa, Monte Louro representa um espaço liminar por excelência:
- Fisicamente, está entre mar e terra, entre norte e sul da Galiza costeira;
- Simbolicamente, entre o visível e o velado — a montanha como eixo, a lagoa como espelho;
- Culturalmente, é ponto de transição entre zonas de ocupação contínua e espaços mais recuados, como os que conservam vestígios de práticas arcaicas ligadas à natureza.
Não há lendas muito divulgadas associadas ao monte, mas o seu formato, a sua solidão e a forma como se ergue junto à costa fazem dele um espaço carregado de sentido.
É um daqueles lugares que se impõem sem precisar de explicação.