Pallas / Atena
A Guerreira Sábia — A que pensa, a que protege, a que cria estratégia.
1. Na Mitologia
Antes da guerra, há inteligência.
Antes da força, há visão.
Antes da acção, há estratégia.
Este é o território de Pallas / Atena — a deusa que nasce já armada, já adulta, já inteira.
O nascimento da deusa sem mãe
Atena é filha de Zeus — mas não nasceu de um ventre materno.
Nasceu da cabeça do próprio pai.
Conta o mito que Zeus, temendo ser destronado por um filho tão poderoso quanto ele, engoliu Métis — deusa da sabedoria e da astúcia, mãe grávida de Atena.
Mas a sabedoria verdadeira não pode ser silenciada.
Do interior de Zeus, a criança cresceu… e um dia, com uma dor de cabeça violenta, Zeus pediu a Hefesto que lhe abrisse o crânio.
De lá saiu Atena. Inteira. Vestida com armadura. Escudo. Lança. E um olhar impossível de esquecer.
Ela não precisou de infância. Não precisou de amadurecer.
Nasceu pronta.
A deusa da guerra que não ama a guerra
Atena é guerreira — mas é a guerra da estratégia, da inteligência, da justiça.
Não é a guerra brutal de Ares, o deus da violência cega.
É a guerra pensada. Precisa. Fria. Necessária.
Atena protege cidades, reis justos, mulheres autónomas.
É a padroeira de Atenas — cidade que leva o seu nome após um duelo simbólico contra Poseídon, onde vence não pela força, mas pela sabedoria de oferecer a oliveira — símbolo de paz, vida e continuidade.
O nome Pallas — e o lado sombrio
Pallas é o nome da amiga ou rival que Atena matou, acidentalmente, em treino ou combate simbólico.
Ao tomar o nome Pallas-Atena, a deusa assume também a sua sombra: a perda, o erro, o lado violento da estratégia, a solidão de quem é sempre forte demais.
Este detalhe é precioso: Atena é invencível — mas não é invulnerável. Carrega luto. Carrega memória.
A face romana — Minerva
Em Roma, Atena torna-se Minerva.
Mantém o lado intelectual, artístico, estratégico.
Mas perde um pouco da intensidade mítica da sua origem grega.
Minerva é a deusa das artes, da sabedoria prática, da técnica, da ciência.
Na essência, continua a ser a Rainha da Mente.
Pallas / Atena é o feminino que pensa.
É o amor pela mente clara, pela estratégia justa, pela palavra bem dita, pela ideia que constrói realidades.
Ela protege quem usa o cérebro como espada — e o coração como escudo.
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2. Na Psicologia / Psique Feminina
A Guerreira Sábia vive em todas as mulheres que já aprenderam a proteger-se com inteligência.
O arquétipo de Pallas / Atena manifesta-se na psique feminina como o poder da mente clara, da estratégia emocional, da lucidez nas relações e na vida.
Ela é a parte de ti que observa antes de agir.
Que lê nas entrelinhas.
Que constrói limites invisíveis — e inquebráveis.
Que defende aquilo em que acredita com uma lógica fria… mas justa.
Quando Pallas / Atena está viva e consciente:
- Sabes proteger o teu território emocional sem precisar de drama.
- Usas a palavra como defesa e como ponte.
- Pensas antes de sentir — mas sentes com consciência plena.
- O teu amor nasce mais da admiração intelectual do que da paixão cega.
- A tua força está na visão. Na clareza. Na estratégia.
Quando Pallas / Atena está ferida ou distorcida:
- Frieza emocional excessiva.
- Cortar sentimentos com cinismo ou sarcasmo.
- Desconfiar da vulnerabilidade — tua ou dos outros.
- Viver demasiado na mente, afastada do corpo e das emoções.
- Tornar-se inacessível, intocável, solitária.
Feridas de Pallas / Atena na psique:
- Ter sido forçada a crescer cedo demais.
- Ter de ser sempre a forte, a racional, a prática.
- Não ter espaço para ser frágil ou espontânea.
- Dificuldade em confiar em mulheres que são muito emocionais ou caóticas.
Dons de Pallas / Atena:
- Inteligência prática e espiritual combinadas.
- Capacidade de criar estratégias para a vida.
- Visão ampla, organização mental, sabedoria objetiva.
- Amor pela justiça, pela clareza, pelo conhecimento.
Pallas pergunta sempre:
O que precisas proteger?
Como podes ser firme sem te tornar de pedra?
Como podes usar a mente sem esquecer o coração?
3. Na Filosofia / Sabedoria Simbólica
Pallas / Atena — O princípio da inteligência sagrada. A mente que serve a alma.
Mais do que uma deusa individual, Pallas / Atena representa um princípio universal:
→ A inteligência do feminino quando está desperta, clara, lúcida e em equilíbrio com a ética interior.
Se Vénus é o magnetismo do amor…
Se Ceres é o poder de nutrir…
Se Juno é o pacto e a aliança…
Então Pallas é o poder da visão.
Ela é a arquétipa do pensamento construtivo.
Do raciocínio que protege.
Da palavra que organiza.
Do conhecimento que dá forma ao invisível.
A Sabedoria de Pallas / Atena ensina:
- Nem tudo precisa ser emoção.
- Nem tudo se resolve com impulso.
- O pensamento calmo é também espiritual.
- A lucidez é um dom feminino.
Quando o feminino pensa, cria estratégia, desenha caminhos:
→ Sabe proteger-se sem se fechar.
→ Sabe amar sem se perder.
→ Sabe dizer não sem culpa.
→ Sabe traçar fronteiras com elegância.
Mas o risco do arquétipo é cristalizar.
→ Tornar-se fria.
→ Separar-se do corpo.
→ Viver só na cabeça.
→ Desconfiar do instinto.
→ Afastar-se do prazer, do toque, da vulnerabilidade.
Por isso, integrar Atena é também não esquecer que toda sabedoria precisa ser habitada no corpo.
→ A verdadeira inteligência é viva.
→ Respira.
→ Move-se.
→ E sabe dançar com o caos — sem o controlar obsessivamente.
Atena ensina:
Pensa — mas sente.
Observa — mas entrega.
Protege — mas também ama.
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4. Na Astronomia
Pallas — A sabedoria que também habita o céu.
O asteroide Pallas (2) foi o segundo asteroide a ser descoberto — logo após Ceres — o que já simbolicamente a coloca como uma figura essencial dentro do imaginário feminino celeste.
Dados Astronómicos de Pallas
- Número oficial: (2)
- Descoberto por: Heinrich Wilhelm Olbers
- Data de descoberta: 28 de Março de 1802
- Localização: Cinturão principal de asteroides (entre Marte e Júpiter)
- Diâmetro médio: cerca de 512 km
- Tempo de revolução solar: ~4,6 anos
- Símbolo astronómico: ⚴ (uma lança sobre um escudo) — símbolo perfeito para a guerreira sábia.
Curiosidade simbólica e astronómica:
→ Pallas é o maior dos asteroides após Ceres e Vesta, tendo até uma forma ligeiramente achatada — como se carregasse as marcas de muitos combates cósmicos.
→ Está localizada numa zona de transição — entre o impulso de Marte e a expansão de Júpiter — o que a torna ainda mais significativa:
No céu, como no mito, Pallas habita entre o instinto e a visão. Entre o combate e a sabedoria.
Porque é importante Pallas na Astronomia?
→ Porque reforça a ideia de que os asteroides não são “detalhes” ou “ornamentos” do céu.
Eles são corpos reais, com história, presença, órbita, energia.
→ E Pallas, em especial, traz a presença da mente feminina como força estruturante do cosmos.
Na terra e no céu, Pallas é sempre a mesma:
A que observa.
A que escolhe as batalhas certas.
A que pensa antes de agir.