Parque Natural do Monte Aloia

Monte sagrado com castro galaico-romano, trilhos florestais e vestígios votivos. Um parque natural onde a arqueologia se cruza com o silêncio e a contemplação.

Um monte sagrado entre fragas, silêncio e vestígios castrejos

Situado a poucos quilómetros da cidade de Tui, o Monte Aloia eleva-se até aos 629 metros de altitude, dominando a planície do Baixo Minho e a linha do rio. Inserido no primeiro Parque Natural declarado na Galiza (1978), este é um território onde a natureza e a arqueologia coexistem com um sentido claro de permanência.

O monte é coberto por florestas densas de pinheiros, carvalhos, castanheiros e fragas graníticas — e é atravessado por uma rede de trilhos bem marcados, que ligam miradouros, vestígios arqueológicos e ermidas. Há zonas onde o silêncio é quase absoluto, e onde a paisagem parece intocada há séculos.

Castro e arqueologia sagrada

No topo do monte encontram-se os restos de um castro galaico-romano, identificado como Alonia. As muralhas, hoje parcialmente visíveis, protegem um antigo povoado que foi ocupado até ao período imperial romano. O local está estrategicamente posicionado, com vista sobre o vale do Minho e as montanhas da fronteira, e integra-se no sistema defensivo e simbólico da antiga Gallaecia.

Ao redor do monte existem também outras estruturas: mamoas (túmulos megalíticos), fontes, penedos com marcas, ermidas e pequenas necrópoles. Muitos destes elementos foram reutilizados e cristianizados, como a ermida de San Xiao, construída sobre uma área de culto pré-cristã.

O ambiente geral — florestal, rochoso e elevado — reforça a ideia de um lugar sagrado natural: um monte que foi habitado, defendido, venerado e, por fim, protegido.

Caminhar em reverência

Os trilhos do Monte Aloia não são exigentes, mas pedem atenção.
O tempo move-se mais devagar aqui. Entre as pedras, há inscrições invisíveis; entre os carvalhos, passa o vento como uma voz. Os miradouros oferecem vista até ao Atlântico, mas é no interior da floresta que o monte revela o que tem de mais íntimo.

Há algo de liminar neste lugar: nem completamente natural, nem artificial; nem abandonado, nem domesticado. É um território entre estados, onde o ser humano deixou marcas, mas nunca dominou por completo.

No percurso de Ophiussa

Para o Guia Ophiussa, o Monte Aloia funciona como um monte-templo:

  • Guarda as ruínas de uma presença antiga;
  • Preserva o silêncio necessário à escuta;
  • Representa um ponto alto, literal e simbólico, na travessia entre os territórios sagrados do norte.

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